quarta-feira, 3 de outubro de 2012

APROVEITAMENTO DO SUBPRODUTO DE DESTILARIAS DE AGUARDENTE: UM MANEJO SUSTENTÁVEL E RENTÁVEL EM PARAJU – DOMINGOS MARTINS - ES



 
Amanda Spoladori Simon
2ª série do ensino Médio da EEEFM Gisela Salloker Fayet
Ana Paula Tschaen Tonoli
2ª série do ensino Médio da EEEFM Gisela Salloker Fayet
Marilaine Bickel
2ª série do ensino Médio da EEEFM Gisela Salloker Fayet

Denílson Aparecido Garcia

Professor orientador – Química - Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Gisela Salloker Fayet.




RESUMO

A sustentabilidade entre os proprietários rurais e produtores de aguardente em Paraju, pode ser desenvolvida por meio de conscientização e manejos simples. A hipótese de trabalho é que se os produtores de aguardente da região compreenderem a importância social e ambiental que tem em torno do manejo e destino correto do vinhoto produzido em seus alambiques, e aliado a isto, forem estabelecidas parcerias com os agricultores rurais, a região de Paraju estará dando um grande passo para uma produção econômica sustentável. Pretende-se demonstrar que os resíduos que hoje contaminam o solo e mananciais, pode ser transformado em fertilizantes e utilizados nas lavouras, por meio de métodos  próprios substituindo a adubação mineral.


INTRODUÇÃO
O vinhoto constitui-se num dos grandes problemas para o Plano Nacional do Álcool. Constitui-se em um resíduo proveniente da produção do álcool, na proporção média de 13 litros de vinhoto para 1 de álcool, apresenta-se com uma demanda bioquímica de oxigênio (DBO) de cerca de 30000 ppm, contendo, portanto, ainda grande quantidade de matéria orgânica passível de ser oxidada. Quando direcionada aos rios, retira destes o oxigênio livre, causando grandes prejuízos para a flora e fauna aquáticas circunvizinhas e para a utilização das águas. (SENA, 1998; KIEHL, 1985).
A fim de se eliminar a carga poluidora desse rejeito, vários tratamentos ou procedimentos foram propostos e estão sendo estudados. Dentre eles  destacaremos a  utilização do vinhoto,in natura, como fertilizante.
O distrito de Paraju-ES  se destaca  na produção  especializada de cachaça. Essa produção decorre com qualidade e de forma artesanal. Nos últimos tempos vem ganhando espaço no mercado, tanto pelas suas tradições como também na cultura e na produção, o que torna este produto tão especial e valorizado. Para que a produção de cachaça continue a ser bom negócio, e se enquadre nos preceitos de sustentabilidade, sugere-se que o produtor adote medidas de reaproveitamento dos resíduos assim como citado acima. Visando a fertilização do solo de sua lavoura.
 Há de considerar que o vinhoto em sua constituição possui elementos como o fósforo, nitrogênio e potássio, que são fundamentais em um solo fértil. Toda essa matéria orgânica poderá se constituir em aumento da produtividade agrícola ao influenciar s propriedades físico-químico-biológicas do solo (SILVA et al., 2007).
No momento em que a matéria orgânica contida na vinhaça é incorporada ao solo, ela é colonizada por fungos, os quais a transformam em húmus, neutralizando a acidez do meio preparando, deste modo, o caminho para proliferação bacteriana; assim, quando adicionada como fertilizante, favorece também o desenvolvimento desses microrganismos os quais atuam na mineralização e imobilização do nitrogênio e na sua nitrificação, desnitrificação e fixação biológica, bem como de microrganismos participantes dos ciclos biogeoquímicos de outros elementos(SILVA et al., 2007).


Por outro lado é comum o uso de aditivos químicos que fertilizam a lavoura com o objetivo de garantia de uma boa produtividade. Tais aditivos, os adubos, têm um alto valor comercial e representam um grande gasto para os pequenos produtores. O que se vê também é o fato de que poucas pesquisas e incentivos são feitos na direção de amenizar esta situação, até porque, há interesses de grandes empresas envolvidos no processo.
Sendo assim, a proposta de usar o vinhoto produzido na região, poderá solucionar dois problemas: a contaminação do solo e mananciais e reduzirá despesas, gerando renda aos pequenos agricultores com base em um aproveitamento racional de recursos, permitindo atender com muito mais eficiência aos requisitos da legislação de controle da poluição.

JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO

De acordo com a publicação da UNESCO: Ciência, Ética e Sustentabilidade Desafio ao novo século de Bursztyn (2001), nos fins do século XX, em virtude da constatação de que o desenvolvimento almejado pelo Brasil não foi alcançado, surge uma nova concepção que está mexendo com as nações mais pobres principalmente: o desenvolvimento sustentável. Tal concepção surge da impossibilidade de se manter um sistema de desenvolvimento semelhante ao das nações mais ricas e tem como meta o sustento humano e a capacidade solidária com a biosfera.
A idéia da sustentabilidade precisa ser difundida, ampliada e aplicada em todos os lugares possíveis. Cada lugar do nosso país precisa se conhecer melhor, analisar suas atividades e estudar um caminho que promova o seu crescimento econômico, a diminuição da pobreza e a manutenção do meio ambiente. Desta forma, ao analisar a região de Paraju, percebeu-se a existência de um número razoável de produtores de aguardente e consequentemente do resíduo deixado por esta atividade.
Assim sendo, após algumas leituras e estudos notamos que ouso agrícola da vinhaça e os seus benefícios ao solo são indiscutíveis e constatáveis, tanto do ponto de vista sustentável, como do ponto de vista econômico e social. Incluem-se a diminuição de fertilizantes um material altamente poluente que pode causar aos cursos d’água superficiais (rios, lagos, nascentes e várzeas) e ao lençol freático através da percolação até as águas subterrâneas. Com esta preocupação apontaremos alternativas para diminuir a carga orgânica desse resíduo a vinhaça, sendo possível reutiliza-la na fertirrigação com um menor risco de dano à natureza (SENA, 2004).
Optamos pela questão do vinhoto e sua relação com o meio ambiente, por ser uma dificuldade que encontramos no dia a dia em nossa região, um problema que podemos transformar em solução e também em renda extra para os proprietários das destilarias.
Vale ressaltar que a Portaria no. 323/78 do MINTER (Ministério do Interior) proíbe o lançamento do vinhoto em qualquer curso d’ água a Lei 9.605 de fevereiro de 1998, nos seus artigos 33 e 54, prevê pena de reclusão de um a quatro anos e multa para quem praticar tal ato, agora considerado crime ambiental.
Sendo assim, nossa proposta é promover um manual com orientações para o uso adequado da vinhaça, sendo possível um destino sustentável a mesma, preservando o meio ambiente.

OBJETIVO GERAL
Proporcionar possibilidades de desenvolver a sustentabilidade entre os proprietários rurais e produtores de aguardente em Paraju – Domingos Martins ES.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Conscientizar os proprietários de destilarias a dar um tratamento correto aos resíduos de produção do aguardente;
  • Conscientizar os produtores rurais a utilizar o vinhoto como uma forma alternativa de fertilizante para o solo;
  • Apresentar vantagens econômicas e ambientais relacionadas ao manejo proposto;
  • Apresentar um manual com orientações de tratamento e uso do vinhoto como fertilizante;
  • Ampliar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, com a aplicação do vinhoto tratado;
  • Ampliar a mineralização do nitrogênio no solo com a presença do vinhoto tratado;
  • Aumentar da produtividade da lavoura com redução nos gastos com insumos.
  
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa será realizada em alambiques da Região de Paraju Domingos Martins ES. A partir de análises simples feitas com sobras da vinhaça indicaremos  uma substância que servirá como adubo (fertilizante) para as lavouras em geral.
Além das analises, serão realizadas entrevistas com funcionários e proprietários de destilarias, para conhecer o destino atual do vinhoto, estimulando os a adquirir  ideia de utilizar esse “poluidor” como um adubo.
Após, com dados e pesquisas elaboraremos um manual com orientações de tratamento e uso do vinhoto como fertilizante, que será distribuído entre os pequenos proprietários de alambique.

RESULTADOS ESPERADOS

Com o desenvolvimento do projeto apresentado, pretende-se alcançar os seguintes resultados:

  • Diminuição da poluição das águas (rios, lagos, córregos, etc.);
  • Aumento da renda dos proprietários de destilarias;
  • Reduzir custos de produção dos lavradores;
  • Substituição do fertilizante comum pelo produzido a partir do vinhoto;
  • Novas oportunidades de empregos;


REFERÊNCIAS

ABREU.Júnior, C. H.; BOARETTO, A. E.; MURAOKA, T.; Kiehl, J.C. Uso agrícola de resíduos orgânicos potencialmente poluentes:propriedades químicas do solo e produção vegetal.Tópicos Especiais em Ciência do Solo, Viçosa, v.4, p.391-470, 2005.

ALMEIDA, J. R. Composição, proporção e aplicação da vinhaça; em São Paulo.
Boletim do Instituto Zimotécnico, Piracicaba, n 3, p.1-24, 1952.
BARBIERI, R. H. T., Produção de fertilizante orgânico a partir do bagaço de cana de açúcar: uma alternativa para gerenciamento do resíduo oriundo de industrias sucroalcooleiras, VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, Uberlandia-MG, jul.,2009

BURSZTYN. Marcel (org.). Ciência, Ética e Sustentabilidade: Desafios ao novo século.Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001274/127492por.pdf> Acesso em 07 de agosto. 2012.

EMBRAPA. Agência de Informação Embrapa: Cana-de-açúcar. Disponível em: <www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG0110822122 00615484 1.html>Acesso em: 20/07/2012

GLÓRIA, N.A.; ORLANDO, J. Aplicação da vinhaça como fertilizante. Boletim
Técnico. PLANALSUCAR, p.38, 1983. GLOBO RURAL. Rio de Janeiro: Globo, 2011-. Mensal

MATTOS, K.M.C.; MATTOS, A. Valoração econômica do meio-ambiente: uma abordagem teórica e prática. São Carlos: Rima/Fapesp, 2004.


 SENA, Maria Eugênia R. SIMÕES.Cristine L. Estudo da viabilidade econômica da concentração de vinhoto através  de osmose inversa. XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção  Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep1004_1360.pdf.> Acesso em: 09 de agosto. 2012.

SILVA.Melissa A. GRIEBELER. Nori P. BORGES.Lino C.Uso de vinhaça e impactos nas propriedades do solo e lençol freático .Rev. bras. eng. agríc. ambient. vol.11 no.1 Campina Grande Jan./Feb. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-43662007000100014&script=sci_arttext.> Acesso em: 08 de agosto.2012.




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