segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Lixões serão proibidos no Brasil a partir de 2014, mas apenas 10% das cidades entregaram o plano de gestão de resíduos



Lixões serão proibidos no Brasil a partir de 2014, mas apenas 10% das cidades entregaram o plano de gestão de resíduos
Embora as considerações da Lei existam, a condição é preocupante; dados do MMA apontam que, dentre as mais de 5 mil cidades brasileiras apenas 560 municípios concluíram e entregaram os planos de gestão de resíduos no período limite

Embora as considerações da Lei existam, a condição é preocupante; dados do MMA apontam que, dentre as mais de 5 mil cidades brasileiras apenas 560 municípios concluíram e entregaram o planos de gestão de resíduos - Foto: Fabiane Niemeyer
A partir de 02 de agosto de 2014 o Brasil não poderá ter lixões. Até o período estipulado pela PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) - criada pela Lei 12.305/2010 - os espaços onde são feitos os descartes diários terão de ser substituídos efetivamente pelos aterros sanitários. Além desta condição, os resíduos recicláveis também não serão mais enviados a estes espaços de descarte comum.
Embora as considerações da Lei existam, a condição nacional é preocupante; dados do MMA (Ministério do Meio Ambiente) apontam que, dentre as mais de 5mil cidades brasileiras apenas 560 municípios concluíram e entregaram, ao Ministério, os planos de gestão de resíduos no período limite (agosto deste ano). Os municípios que ainda não entregaram o documento (mais de 90%) perderam o direito de renovar contratos com as prefeituras e governos estaduais e aderir ao auxílio de recursos federais para a questão.
Com base em mais dados do MMA existem aproximadamente 3 mil lixões no Brasil que precisam ser fechados no prazo indicado pela PNRS; 60% dos municípios ainda descartam resíduos nestes locais. A falta do hábito e prática de separar os recicláveis é outro impasse que atrasa a gestão nacional dos resíduos. O Brasil produz diariamente cerca de 183 mil toneladas de lixo urbano e mais de um milhão de pessoas trabalham e sobrevivem da reciclagem deste lixo, porém, a maior parte da riqueza potencial dos recicláveis é desperdiçada o que faz o país perder o equivalente a R$8 bilhões ao ano por não conseguir reciclar todos os componentes possíveis.
O saldo positivo da Logística reversa no Brasil
O Instituto de Logística e Supply Chain (cadeia de fornecimento) divulgou, em agosto deste ano, através de uma pesquisa temática, que 60 das 100 maiores empresas do país, já desenvolvem alguma atividade relacionada à operação de logística reversa (que prevê o recolhimento e descarte pelo fabricante do resíduo pós-consumo).
Os dados foram apresentados dia 22 de agosto durante o 18º Fórum Internacional de Logística, no Rio de Janeiro. Com base no levantamento feito pela Instituição 40% das empresas ainda não têm programas com esse objetivo, mas, estima-se que este quadro seja revertido, pois, a implantação da logística reversa, dentro da PNRS deverá ser implementada, em todo país, até o início de 2015. A implantação prevê o retorno de materiais tais como eletroeletrônicos e pneus para a indústria, para que possam ser novamente utilizados pelo fabricante, mas, para tanto, requererá o comprometimento de todos os agentes responsáveis nos processos de produção e distribuição: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e o próprio consumidor que também será responsável pela devolução dos materiais em postos de coleta.
Os produtos com a logística reversa mais atrasada são os eletroeletrônicos, que aguardam a conclusão do edital de recolhimento. O não cumprimento da lei – após as implementações completas - na cadeia produtiva poderá acarretar aos envolvidos penalidades como: cobranças de multas e processos diversos baseados na Lei Federal de Crimes Ambientais. A Política de Resíduos Sólidos levou mais de 20 anos para ser votada e com as novas regras pontuará, em todo território nacional, mudanças às indústrias brasileiras e melhorias ao Meio Ambiente, pois, as empresas passarão então a utilizar mais tecnologias limpas através dos processos de reuso.
Inicialmente, a logística engloba o recolhimento de resíduos e embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes (vapor de sódio, mercúrio e luz mista), além de produtos eletroeletrônicos e componentes e os óleos lubrificantes (setor com maior avanço de coleta desde os últimos anos). Embora cada produto esteja em diferentes fases de implantação os óleos lubrificantes já contam com uma política de recolhimento ativa em algumas partes do Sul do país e Noroeste da capital paulista.
A Lubrificantes Fenix é exemplo nesta empreitada e coleta, há mais de 26 anos, o OLUC (Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado). Em 1993, apenas 11,46% de óleo lubrificante usado no Brasil era coletado, em 2010 o número foi para 43,16%. Dados do Sindirrefino (Sindicato Nacional da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais) indicam que, em 2010, foram consumidos 675.296.120 litros de óleo lubrificante e 43,16% desse total foram coletados e reciclados. Em 2009 esse porcentual foi de 42,69%.
Fonte: Gargantini




VIDEO EDUCACIONAL: NO DOPING



Professora: 
GREICE GRECCO BARBOSA DONNA

Professora de Educação Física, incentiva seus alunos a organizarem um vídeo contra o uso de Doping. Tarefa que complementa seu Projeto Final do Curso de TIC / 2012. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

PLANO DE AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA



PROFESSORA: ANA PAULA VIEIRA BAUTZ
Alimentação saudável
Objetivos
1) Identificar os grupos alimentares que fazem parte de uma alimentação saudável e equilibrada;
2) Levar os alunos a conhecer seus próprios hábitos alimentares;
3) Desenvolver consciência crítica a respeito de hábitos alimentares.
Ponto de partida
Identificar os grupos de alimentos que fornecem nutrientes importantes no processo vital e suas respectivas funções:
  • Açúcares - fonte de energia
  • Gorduras - reservas energéticas
  • Proteínas - parte da constituição celular
  • Vitaminas - reguladores e auxiliares
  • Sais minerais - reguladores e auxiliares
  • Água - solvente e agente de transporte 
Estratégias
1) Solicitar que os alunos realizem individualmente o seguinte levantamento:
a) Quantas vezes você se alimenta por dia?
b) Que alimentos você consome mais frequentemente?
c) Quais alimentos você consome em maior quantidade?
2) A partir desse levantamento, cada aluno deve elaborar um cartaz relacionando os alimentos ingeridos com seus respectivos grupos alimentares;
3) Reunidos em grupos de três ou quatro, os alunos devem discutir a qualidade de sua própria alimentação, verificando se é saudável e equilibrada;
4) Num debate aberto a toda a classe, os alunos elaboram suas próprias conclusões a respeito de seus hábitos alimentares.
AVALIAÇÃO
 Apresentação de um PIC NIC com objetivo de identificar suas contribuições.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mais de 5,7 milhões de estudantes participam de Enem de olho no ensino superior


29/10/2012 às 12h46 - Atualizado em 29/10/2012 às 12h46
Agência Brasil

Redação Folha Vitória
Brasília – No próximo fim de semana, 5.791.290 estudantes brasileiros farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. O teste marcado para os dias 3 e 4 de novembro é uma oportunidade para estudantes que querem ingressar em universidades federais ou faculdades particulares do país.
Criado em 1999, o Enem ganhou mais importância há três anos, com a criação do Sistema Único de Seleção Unificada (Sisu). Por meio desse sistema, a nota obtida no exame passou ser usada por instituições públicas de ensino superior para ingresso de estudantes em substituição aos vestibulares tradicionais.
No caso das faculdades particulares, a nota no Enem é um dos critérios para obtenção de bolsas de estudo parciais ou integrais por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni).
“Acho que o Enem dá mais oportunidade para muitas pessoas. É uma prova que, comparada aos vestibulares, é mais fácil porque considera muitos conhecimentos gerais”, avaliou a estudante Bárbara Albuquerque Faraco. Aluna do Colégio Setor Oeste, escola pública de Brasília, ela estuda quatro horas por dia para conseguir uma vaga no curso de comunicação social na Universidade de Brasília (UnB). “Estudo desde o início do ano, mas reforcei a carga nos últimos três meses. A vida de estudante não é fácil, mas sei que vai ter resultado.”
Do total de universidades federais, pelo menos 45 já adotam o Enem para ingresso de alunos. Cada instituição tem autonomia para escolher a forma de aproveitamento das notas do Enem: como fase única, em substituição ao vestibular; como primeira fase ou para o preenchimento de vagas remanescentes, não ocupadas com o vestibular tradicional.
Em algumas instituições, a nota do Enem é somada ao resultado do vestibular, e a média é usada para ingresso nos cursos superiores.
A participação no exame também é pré-requisito para quem quer participar de programas de financiamento e de acesso ao ensino superior, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
No sábado (3), primeiro dia de provas do Enem, os candidatos vão responder a questões de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. No domingo (4), serão aplicadas as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias e de matemática e suas tecnologias. Além disso, no último dia do exame, o aluno fará a redação, que está no topo das preocupações dos participantes por representar 50% da nota total.

“Não estou nervosa, mas preocupada com o tanto que a prova será cansativa porque é muito comprida e é pouco tempo”, disse Yasmim Leite Neres Perna. Ela admite o cansaço com os estudos que foram intensificados nos últimos dias, tanto para o Enem e quanto para o vestibular.
“Espero que a prova do Enem seja mais tranquila, mas acho que a parte da redação será mais rígida do que a do vestibular. Ainda não vi as mudanças nos critérios deste ano”, disse a estudante do Marista, escola da rede particular.
A previsão é que os gabaritos do Enem sejam divulgados no dia 7 de novembro e os resultados gerais saiam no dia 28 de dezembro.

http://www.folhavitoria.com.br/geral/guiaeducacao/noticia/2012/10/mais-de-57-milhoes-de-estudantes-participam-de-enem-de-olho-no-ensino-superior.html. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Com criatividade e tecnologia, professor desperta interesse de alunos pela física e matemática

Por: Akemi Nitahara, da Agência Brasil 





Rio de Janeiro – Jogos eletrônicos, filmes em 3D e realidade aumentada, tecnologias que ainda são desconhecidas por parte dos jovens brasileiros. Ao perceber que seus alunos, de Petrópolis, não entendiam o que é um filme em 3D por nunca terem assistido a uma produção com essa tecnologia, o professor de matemática Guilherme Erwin Hartung decidiu mostrar a eles O Fantástico Mundo 3D.

O projeto deu tão certo que Hartung recebeu, no ano passado, o Prêmio Professores do Brasil, concedido pelo Ministério da Educação (MEC). Durante as atividades oferecidas fora do horário das aulas, sem valer nota, 15 estudantes montaram um site com imagens em 3D produzidas por eles mesmos.
Antes tiveram oficinas de biologia, para saber como funciona o olho humano, de física, sobre polarização da luz, e, claro, de matemática, para entender e calcular a geometria envolvida na produção das imagens com a sensação de profundidade. Também foram feitas visitas a institutos de pesquisa e a um laboratório de computação, além de participarem de uma videoconferência com especialista em 3D de Hollywood. Tudo graças ao empenho do professor, que também é orientador tecnológico no Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio, de ensino médio.
“Os alunos gostaram, alguns disseram que a questão da física mudou, tem muito aluno que diz que odeia física, mas, quando vê a física aplicada, uma coisa interessante, palpável, passa a ver a física com outros olhos. A professora de biologia também comentou que os alunos realmente aprenderam o sistema de visão. Em matemática, os 15 que frequentaram o projeto todo realmente aprenderam as razões trigonométricas”, contou Hartung.
Para ele, o incentivo de um professor é suficiente para mudar o destino de um aluno. “Com certeza, [entre] os alunos que participaram do [projeto] 3D, muitos falam em fazer faculdade na área de TI [tecnologia da informação], já estão correndo atrás, escolheram faculdade, Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], vestibular. Fiquei feliz porque, não sei se o projeto contribuiu para isso, mas com certeza abriu um pouco a cabeça deles nesse sentido.”
Outro projeto desenvolvido por ele no colégio de Petrópolis envolve uma atração irresistível para praticamente todo adolescente: os jogos eletrônicos. O professor observou o quanto é diferente o comportamento do aluno enquanto joga e quando está na escola.
“Quando joga, ele ‘morre’ na mesma fase 100 vezes e continua tentando. Quando ensino matemática e o aluno erra o exercício, fica frustrado e não que mais fazer. Outra coisa é a concentração, quando o adolescente joga está muito focado, o que não acontece na aula. Tem também o desafio, a próxima fase precisa ser mais difícil do que a anterior. Na aula, se você dá um exemplo fácil para entender a mecânica primeiro e dá exemplos mais difíceis, dizem ‘está complicando a nossa vida’.”
A ideia do professor, que tem formação técnica em TI, foi estimular os alunos a produzirem seus próprios jogos. “A única regra que tinha era: esse jogo tem que você vai criar tem que ensinar alguma coisa para alguém”. O professor usou softwares livres e fáceis de trabalhar, em que é possível montar a estrutura de um jogo. Nesse caso, também foram dadas oficinas sobre matemática aplicada, indústria de games, programação, desenho e linguagem visual de um jogo.
Com isso, no primeiro ano do projeto foram produzido cerca de 30 joguinhos. “Percebi a melhora de alguns alunos em matemática depois do projeto. O interessante é que muitos dos jogos foram aproveitados pelos professores em sala de aula e alguns foram demandados. Isso é bem inovador, o aluno participar da prática do professor, e também a visão inovadora de usar jogos em sala de aula”.
A motivação para Hartung vem do próprio exercício da profissão. “Com o cargo de orientador tecnológico, eu tinha 12 horas e um laboratório de informática, não podia deixar os alunos jogando e entrando no Facebook, então comecei a inventar coisas. Eu tinha que ajudar de alguma forma a melhorar esses índices horrorosos que o Brasil amarga nessas avaliações externas.”
Segundo ele, o seu maior incentivo é conseguir despertar no aluno o prazer de aprender. “Eu costumo dizer que eu jogo iscas – tecnologia 3D, jogos, realidade aumentada – para trazer o aluno, para ele pelo menos tentar se envolver com aquilo, com os conteúdos que estão ali por trás. A partir do momento em que ele começa a experimentar, começa a ter essa sensação boa de ‘agora eu sei um pouco mais do que eu sabia antes’, aí você vê uma transformação interessante.”
O professor acredita que a educação no Brasil tem melhorado, mas de uma forma muito lenta. “O ensino médio passou a ser obrigatório, a falta de professor que havia cinco anos atrás já não acontece tanto, as escolas estão com uma estrutura melhor. Mas a motivação dos alunos eu acho que não é grande coisa, pelo contrário, eu acho até que na minha época a gente não era tão desmotivado”.
O trabalho do professor Guilherme Erwin Hartung com os alunos do Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio podem ser conferidos nos sites http://www.guilhermeeh.blogspot.com.br/http://petropolis3d.webnode.com.br/ ehttp://www.fractalmultimidia.blogspot.com.br/, que oferece os jogos desenvolvidos para download.
* Edição: Juliana Andrade
** Publicado originalmente no site Agência Brasil.

 http://envolverde.com.br/educacao/com-criatividade-e-tecnologia-professor-desperta-interesse-de-alunos-pela-fisica-e-matematica/ (acesso em: 25/10/2012). 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Campanha quer zerar déficit de bibliotecas no Brasil


por Vagner de Alencar, do Porvir







Foto: Vladimir Melnikov / fotolia

 Imagine se 24 bibliotecas fossem instaladas diariamente no país até os próximos oito anos. O que seria considerado um sonho para as instituições de ensino é, na verdade, a conta que precisaria ser feita para atender à lei 12.244, sancionada há dois anos, que obriga todas as escolas públicas e privadas a implantarem bibliotecas até 2020. Para dar luz ao tema, o Instituto EcoFuturo em parceria com empresas privadas e organizações civis lançou recentemente a campanha Eu Quero Minha Biblioteca. A ideia é sensibilizar os candidatos e prefeitos eleitos pelas eleições municipais e, principalmente, mobilizar a população para exigir a efetividade deste direito.
No ar até 2020, a campanha mantem um portal onde as pessoas podem  encontrar informações sobre a lei,  detalhes sobre os projetos de lei em tramitação que abordem temas relativos às bibliotecas, audiências públicas agendadas, informações sobre como montar essas bibliotecas, quais escolas já criaram as suas e ainda um mapa, em tempo real, que mostra a adesão da população e de candidatos ao movimento.
Ao aderir à campanha, os participantes passam a ser informados sobre estratégias que podem e devem ser implementadas no âmbito da política pública local. A ideia é articular uma rede ativa de mobilizadores, promovendo o mesmo impacto social do projeto Ficha Limpa (projeto de lei que teve origem na sociedade e que ganhou espaço na câmara legislativa depois de uma mobilização em massa e foi efetivado). Até agora, mais 800 pessoas em 379 municípios de todos os estados do país já apoiaram a campanha, que também conta com a adesão de mais de 20 parlamentares e 74 instituições.
Segundo Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto EcoFuturo e uma das principais idealizadoras da campanha, a implantação das bibliotecas é apenas um dos eixos do grande tema que é a educação para a leitura no Brasil. “Ter o espaço é fundamental mas paralelamente é necessário discutir esse recheio. É preciso assegurar tanto uma arquitetura confortável como profissionais dentro dessas bibliotecas e acervos que conversem com o projeto pedagógico”, afirma.
Ainda de acordo com Christine, a preocupação com a leitura no Brasil entrou em pauta há cerca de uma década e vem, pouco a pouco, ganhando uma projeção maior, ainda que não seja tratada de uma forma muito adequada para a efetividade da política pública. “Em muitas regiões, surgem ‘jegue-livro’, ‘carro-livro’, ‘balsa-livro’ ou ‘bicicleta-livro’ buscando dar conta desse déficit”, diz.
Cartilha
Outra ação da campanha é distribuição de uma cartilha que orienta gestores públicos sobre como acessar recursos para implementar e manter bibliotecas. A publicação traz, por meio de uma linguagem bem simplificada, informações relacionadas a espaço e infraestrutura – com livros em braile e audiolivros –, equipe e atendimento. “Descobrimos que os gestores, muitas vezes, desconhecem as políticas existentes e não fazem sinapses dos  recursos de educação voltados para as bibliotecas”, afirma Christine.
A publicação já foi enviada a governadores, secretários estaduais de educação, parlamentares da comissão de educação, imprensa e organizações que fazem parte da coalizão que organiza a campanha. Em 2013, o material será distribuído a todos os prefeitos e secretários municipais de educação.
Bibliotecas-parque
Um das inspirações da campanha é o modelo realizado pelo país vizinho. Na Colômbia, todas as escolas têm biblioteca e o processo de implementação dessas fez parte de um esforço maior para ampliar a cultura de leitura da população. A proposta integrou um programa nacional de redução da violência, que teve início em Medelín e expandiu para outras cidades como Bogotá (considerada a Capital Mundial do Livro pela Unesco em 2007). “ Essas cidades oferecem um serviço público de referência, mantêm uma infraestrutura de qualidade e são vocacionadas para promover leitura em todas as faixas etárias”, diz Christine.
No Brasil, um modelo similar, também inspirado na iniciativa colombina, é realizado há dois anos no Rio de Janeiro. A Biblioteca-Parque, considerada a primeira no Brasil, tem 3.300 metros quadrados e beneficia moradores de 16 favelas de Manguinhos, uma das áreas mais pobres da cidade. Ainda no estado, a Biblioteca Pública de Niterói é a segunda biblioteca-parque, reinaugurada em julho deste ano. A próxima a adotar o modelo será a favela da Rocinha.
* Publicado originalmente no site do Porvir.
http://envolverde.com.br/educacao/biblioteca/campanha-quer-zerar-deficit-de-bibliotecas-no-brasil/ (acesso em: 25/10/2012). 

A educadora que reinventou uma escola

Por : Mayara Penina ( do Portal Aprendiz)





Maria de Fátima Borges mudou a realidade da EMEF Olavo Pezzotti, em São Paulo, quando todos acreditavam em seu fechamento




Foi por escolha própria que a pedagoga Maria de Fátima Borges de Oliveira veio dirigir a Escola Municipal de Ensino Fundamental Olavo Pezzotti na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.Fátima é moradora do Bom Retiro e atuava como diretora de uma escola no bairro de Pirituba, zona norte de São Paulo quando, em 1997, se candidatou ao cargo de diretora na escola da Vila Madalena.
Naquela época, havia rumores de fechamento da escola, tantos eram os problemas que ela enfrentava: baixo número de matrícula de alunos, paredes pichadas e banheiros destruídos. Mesmo com a “má fama da escola”, Fátima fez uma visita e gostou do que viu. “Eu já passei por escolas da rede pública na mesma situação e todas elas tinham um grande problema que o Olavo não tinha: botecos na porta. Por isso fiquei feliz, indiquei a escola e passei.”
O dia 2 de fevereiro de 1997 foi seu primeiro dia de trabalho. E ela decidiu colocar em prática os ensinamentos da “cartilha freiriana”: reconheça o território onde você está, descubra quem é a comunidade, o que ela tem, o que ela precisa ter e o que as pessoas gostariam que tivesse.
Uma de suas primeiras ações como diretora foi acionar os mecanismos da Prefeitura de São Paulo para a reforma do prédio. “É impossível estar em uma escola em que os banheiros não funcionam e que alaga quando chove. Isso aqui era um barro só.” A reforma terminou em 1999. “E eu não suspendi nenhum dia de aula”, orgulha-se. Aliás, desde a sua posse, ficou terminantemente proibido dispensar alunos. “Só se pegar fogo na escola”, brinca.
O principal eixo do trabalho da educadora era resgatar a confiança da comunidade que via a escola com maus olhos. Dizia para os professores: “Não podemos praticar injustiças, não podemos destratar ou desrespeitar uma criança. Ela pode até fazer isso com a gente, mas não podemos fazer igual. Fátima dá aos seus alunos a possibilidade de criticarem os professores e palpitarem nas regras disciplinares. “Temos que dar vez e voz para eles, senão, como é que aprendem?”
Maria de Fátima trabalhou na Secretaria Municipal de Educação ao lado do educador Paulo Freire e de Luiza Erundina. “Larguei meu mestrado para este trabalho. Mas hoje vejo que me valeu mais que o diploma. Aprendi muito visitando as escolas, conversando com os professores, elaborando aulas, discutindo projetos.”
Com todas essas ações e maneira de trabalhar a educadora conquistou a credibilidade da comunidade, estimulou os professores e, aos poucos, foi criando um ambiente menos hostil para o aprendizado. Saiu batendo às portas de vizinhos em busca de ajuda, o que rendeu parcerias com a Associação Cidade Escola Aprendiz, a PUC  – Pontifícia Universidade Católica,  a USP – Universidade de São Paulo – e a ACM – Associação Cristã de Moços, onde conseguiu apoio para a formação de seus professores.
“Eu queria quebrar aquele mito de que ninguém sabe quem é o diretor. Crianças e pais entram em minha sala a qualquer hora.” Foi por causa desse jeito autêntico que passou a ser bem vista por uns e um tanto mal vista por outros. “Alguns me veem como a diretora que não cumpre prazos e que não se dá bem com a papelada, porque minha prioridade é fazer as crianças terem aula. Já outros me veem como a diretora que conhece seus alunos pelo nome, que não deixa nenhum pai sem resposta, que sabe até quem foi o último a perder o dente”, afirma.
Antes de ser educadora
Maria de Fátima é a filha mais velha de uma família de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Por causa de seu pai, que era militar e não permitia que a filha estudasse, entrou tardiamente na escola, aos 8 anos de idade. Isso aconteceu graças à mudança para a casa de seu avô paterno, onde se alfabetizou em 3 meses.
Aos 17 anos, a jovem Fátima já militava na esquerda católica e apoiava a derrubada do regime militar. Ainda na adolescência, virou o amparo da família – o pai havia desaparecido. Para sobreviver, formou-se técnica em contabilidade e conseguiu um trabalho em uma empresa de brinquedos educativos, o que a incentivou a estudar pedagogia.
Entrou para a rede municipal de ensino aos 33 anos, por meio de um concurso. Passou entre os 100 primeiros colocados e tornou-se professora de uma escola na periferia de São Paulo, em São Miguel Paulista.
A despedida
A diretora vem, há anos, mantendo uma rotina de trabalho de mais de 12 horas. “Isso significa alguém que não cuidou da saúde: comecei a fumar por causa do stress, passei por um câncer e dois AVCs, estou com diabetes e hipertensão”, revela.
Para descansar e ter mais tempo para cuidar da saúde, Fátima decidiu aposentar-se. “Isso não significa vestir o pijama. Vou diminuir o ritmo, mas não vou parar, quem sabe vou ajudar em alguma EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) ou me voluntariar em alguma ONG que trabalhe com crianças.
Antes da chegada do diretor efetivo, que deve acontecer em 2014, Fátima tem o desafio de preparar o professor assumirá seu lugar. Os candidatos já estão apresentando suas propostas e a escolha será feita pelo Conselho de Classe, formado por pais e alunos.
“Há uma temeridade de boa parte das pessoas de que a nova pessoa não dê continuidade aos projetos e quebre a relação que a gente tem com a comunidade. E é isso que dá mais trabalho. Aquele ‘jeitinho básico’ de chegar, despachar e pegar a bolsa quando dá o horário, não existe”, finaliza.
* Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.
http://envolverde.com.br/educacao/a-educadora-que-reinventou-uma-escola/ (acesso em 25/10/2012)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Número de redações inválidas no Enem sobe mais de 160%



3/10/2012 às 10h17 - Atualizado em 23/10/2012 às 10h17
Número de redações inválidas no Enem sobe mais de 160%
Agência Estado  -  Redação Folha Vitória

Brasília - Desde 2009, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ganhou status de vestibular, o número de redações anuladas vem crescendo a cada ano. A quantidade de textos invalidados aumentou 168% entre 2009 e 2011, contra um crescimento de 59% no número de redações corrigidas. Os dados mantêm relação com mudanças nas regras de correção, com as diferentes propostas de redação a cada edição do exame e também com o perfil dos inscritos, segundo especialistas.

No último Enem, o de 2011, foram anuladas 137.161 redações - o que representa 2,5% do total de pessoas que fizeram a prova, contando quem a entregou em branco. O Estado obteve os dados das últimas cinco edições do Enem por meio da Lei de Acesso à Informação. Os números foram enviados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Enem.

Na comparação entre 2007 e 2011, a alteração nesse panorama é ainda maior. Enquanto a variação de textos corrigidos foi de 50%, o aumento de textos anulados ficou em 661%. Em 2007, apenas 18.030 textos foram anulados. Já o número de redações entregues em branco - que inclui os faltosos - cresceu 71,5% entre 2007 e 2011.

Para o Inep, "a quantidade de redações identificadas como "anuladas/fuga ao tema" apresenta uma relação direta com o tema da redação proposto para cada edição do Enem". Mas isso não explica tudo. Segundo o professor Maurício Kleinke, coordenador do vestibular da Universidade de Campinas (Unicamp), era de se esperar que a partir de 2009 houvesse cada vez mais redações anuladas. O motivo é o uso variado do exame.

Além de vestibular, o Enem passou a ser usado após 2009 como certificação do ensino médio e de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Além de critério para bolsas no Programa Universidade Para Todos (ProUni) e financiamento estudantil.

"O Enem começou a ser mais procurado por pessoas que estão afastadas do sistema educacional", diz Kleinke. No último Enem, 46% dos inscritos tinham mais de 21 anos. O professor lembra que a realidade socioeconômica é preponderante para o desempenho na redação. "O Enem atende um público muito variado."

Essa abrangência de usos é espelhada nas regras para correção da prova, principalmente no tamanho do texto. O candidato que escrever oito linhas já garante o direito de ter nota - caso não desrespeite outros critérios. Além de não seguir o tamanho mínimo, um candidato terá zero se fugir ao tema proposto, escrever impropérios, desenhos ou outras formas propositais de anulação ou não obedecer à estrutura de texto dissertativo argumentativa.

Correção

Professor aposentado de Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rogério Chociay defende que o Enem tenha critérios de correção variados para cada perfil de candidato. "Não afasto o despreparo dos corretores, mas a falta de qualidade dos textos é a maior responsável pelas anulações. Os concluintes têm desempenho diferente de quem saiu do EJA", diz.

Chociay faz uma ressalva: o porcentual de anulações, apesar de ter crescido, é baixo. Kleinke, da Unicamp, concorda. O ex-presidente do Inep João Batista Gomes Neto vai mais longe e diz que os números expõem as falhas do ensino médio. "O problema da educação no Brasil é gravíssimo. E, dentro desse problema, o da redação é o mais grave, pois as pessoas não sabem escrever."

Rigor

Na última edição do Enem, o MEC já havia promovido alteração nos critérios da redação, com a diminuição da discrepância de notas entre os dois primeiros corretores para que o texto tivesse nova correção. Para a próxima edição, nova mudança: diminuiu ainda mais a discrepância, agora para 200 pontos. Também há limite de diferença em cada uma das cinco competências avaliadas.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2012/10/numero-de-redacoes-invalidas-no-enem-sobe-168.html ( acesso em 23/10/2012) 

Aplicativo vai ajudar a calcular nota do Enem


FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA


Os 5,7 milhões de candidatos inscritos no Enem deste ano poderão saber --pela internet-- de forma mais rápida e didática a nota da prova objetiva do exame.
Técnicos do Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem) trabalham há cerca de quatro meses na construção de uma calculadora digital, em que o candidato poderá estimar sua pontuação na parte objetiva da prova.
O objetivo é disponibilizar o aplicativo neste ano, mas a calculadora ainda está em fase de análise técnica.
O cuidado redobrado é para evitar discrepâncias entre a nota dada pelo aparelho e a divulgada oficialmente no final de dezembro, 54 dias depois da aplicação do exame.
A calculadora tem como objetivo principal dar mais transparência à metodologia adotada para o cálculo do desempenho do aluno.
Hoje, a nota final na prova objetiva não é só a somatória dos acertos. Ela inclui fatores como grau de dificuldade dos itens corretos e coerência do desempenho do candidato.
Assim, se um aluno acerta questões difíceis, mas não tem bom desempenho nas questões fáceis da mesma área de conhecimento, há indício de que houve "chute" e a pontuação final é afetada.
Esse modelo torna difícil a tarefa do estudante de projetar a nota quando o gabarito é divulgado, poucos dias depois do exame. Com a nova ferramenta, o candidato informará quais questões acertou e o cálculo será feito de forma automática.
Na edição passada do Enem, candidatos chegaram a criar um site para questionar os critérios para a definição do resultado.
A metodologia atual, chamada de TRI (Teoria de Resposta o Item), foi adotada em 2009, ano em que o MEC desenvolveu o Sisu, sistema que utiliza apenas a nota do Enem para o ingresso em instituições de ensino superior em todo o país.
No final de 2011, 42 das 59 universidades federais do país adotaram o sistema.
GUIA DO PARTICIPANTE
O Inep vai lançar após a prova do Enem deste ano, nos dias 3 e 4 de novembro, um "guia do participante", como forma de tirar as dúvidas sobre o método matemático empregado no exame.
O conteúdo, nos moldes do guia de redação elaborado neste ano, vai esclarecer, por exemplo, as diferenças entre o método atual e a teoria clássica de respostas, além do motivo de candidatos com o mesmo número de acertos terem notas diferentes.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

UFF destinará 10% das vagas para alunos de colégios públicos municipais e estaduais


Matéria extraída do site Agência Brasil 3 dias atrás (19 de outubro de 2012 às 14:29 hs.)




Isabela Vieira


Repórter da Agência Brasil   Rio de Janeiro - 




A Universidade Federal Fluminense (UFF) anunciou hoje (19) que destinará 10% das cerca de 10 mil vagas dos seus cursos em 2013 para alunos de colégios públicos municipais e estaduais.

A medida complementará o percentual de 12,5% estabelecido pela Lei de Cotas, que obriga universidades e institutos federais a reservar vagas para alunos de escolas públicas, com recorte de renda e de raça.

Na avaliação do reitor da UFF, Roberto Salles, a lei federal beneficia estudantes de escolas "que têm o mesmo nível de estabelecimentos privados", como é o caso dos colégios federais, militares e de aplicação, sem favorecer a inclusão dos mais carentes.

Os colégios citados por Salles lideram os rankings de avaliações do Ministério da Educação, enquanto as escolas públicas municipais e estaduais, em média, estão em piores lugares.

"Os estudantes de colégios federais, universitários, militares e de aplicação competem em igualdade de condições com aqueles que estudam nas melhores escolas do país", diz nota divulgada pela UFF.

O reitor também cobrou a contratação de funcionários da área administrativa, como assistentes sociais, para que a lei seja colocada em prática. Ele também pede pelo menos mais R$10 milhões do Programa de Assistência Estudantil.

Edição: Graça Adjuto
  

O CONTEXTO DO DESENCANTO







 JOÃO RUIVO






Vai levar tempo para erguer, acima dos tornozelos, a autoestima dos professores, para recuperar a sua imagem social, e para chamar novamente à profissão os melhores e os mais capazes.


No meu livro O Desencanto dos Professores, reúno um conjunto de artigos de opinião que foram escritos nos últimos cinco anos, numa conjuntura que considero das mais hostis para os profissionais da educação em Portugal.

Vai levar tempo para erguer, acima dos tornozelos, a autoestima dos professores, para recuperar a sua imagem social, e para chamar novamente à profissão os melhores e os mais capazes. As perdas são, em tempo, custo e envolvimento de recursos humanos, incalculáveis. O tempo, a seu tempo, o dirá.

O pior que pode acontecer a um povo é perder a sua memória coletiva. Vale a pena, então, lembrar...

A ideia lançada, inicial e subliminarmente, de que os professores eram uns "madraços", que acumulavam incontáveis faltas ao serviço, que gozavam férias e mordomias só permitidas a grupos privilegiados, e que desperdiçavam os enormes meios financeiros com eles despendidos, constituiu a maior ofensa, a mais inqualificável infâmia perpetrada perante uma classe altruísta, que todos os dias, no seu posto de trabalho, deu o seu melhor pelo aperfeiçoamento das qualificações dos portugueses e pelo desenvolvimento social, económico e cultural do seu país.

Não é novidade. O cenário revelava-se propício e constituiu a porta aberta para o que se lhe seguiu: alteração e aumento compulsivo de funções e tarefas cometidas aos docentes, colocando-os na vertigem da desprofissionalização; divisão da classe, através de uma estratificação artificial da carreira; implementação de processos de avaliação de desempenho administrativos, burocráticos e estigmatizantes; redução artificial de cargas horárias e alterações aos planos curriculares ao sabor das circunstâncias, provocando-se, desnecessariamente, o maior desemprego conhecido, até hoje, na classe; introdução de novas tecnologias na escola, sem formação antecipada dos intervenientes no ato educativo, no que se revelou ser uma insensatez face ao esbanjamento de dinheiros públicos em negócios e parcerias com empresas privadas...

Desde então, a escola tendeu para um espaço de desencantos e desencontros, onde os profissionais da educação começaram a ser chamados para refletirem pouco sobre o ato educativo e, em substituição, a reunirem muito em redor da aplicação de normativos e procedimentos de natureza burocrático-administrativa.

Neste quadro, milhares de docentes preferiram solicitar a sua aposentação antecipada, com graves penalizações nas suas pensões, no que constituiu uma desnecessária sangria de quadros qualificados e experientes. Ou seja: ao abandono precoce das escolas por parte dos alunos, temos agora que acrescentar o abandono precoce da profissão por parte dos professores.

E isto tudo num país que ainda precisa de muita escola e de mais e melhor qualificação dos seus cidadãos. Que desperdício inqualificável formar um docente para deixá-lo partir para uma aposentação precoce, numa etapa da sua carreira em que revelava mais controlo, segurança e maturidade....

Nesse mesmo período, o descontentamento trouxe à rua mais de cem mil professores, na que foi considerada a maior manifestação da classe desde a alvorada da democracia, proliferaram os movimentos de docentes à margem das organizações sindicais tradicionais, e as redes sociais e os blogues de professores constituíram o elo de ligação de um grupo profissional que, apesar de tudo, recusou cruzar os braços e preferiu levantar a voz da indignação e envolver-se na defesa de uma escola pública onde seja gratificante ensinar e compensatório aprender.

Por essas e outras razões, o autor destas linhas entendeu, nesse conturbado período do ciclo de vida dos professores e das escolas, escrever estes artigos, para dar um contributo positivo no sentido de ajudar à melhoria do bem-estar pessoal e profissional dos docentes portugueses.

Os professores nem tanto precisavam que os amparassem. Os professores precisavam, isso sim, de uma voz que lhes dissesse: "Nós compreendemos o vosso esforço, o vosso empenho, apesar de todos sabermos que nem tudo vai bem no reino da educação...". Porém, essa voz, como se sabe, nunca veio da tutela...

Hoje, com um olhar mais distanciado, e apesar da adversa conjuntura, estamos em crer que se alguém quis quebrar a espinha dorsal aos docentes não o conseguiu. E, em boa verdade, também não houve uma quebra significativa da confiança que a sociedade deposita nos professores e na instituição escolar. Diríamos mesmo que a escola continua a ser a única organização pública onde as famílias entregam, diariamente, os seus filhos e partem tranquilas para o trabalho, sabendo que crianças e jovens ficam seguros e bem entregues.

Mas será que, após este claustrofóbico período, a tutela pode afirmar que temos mais escola e melhor educação?

Infelizmente a resposta é não! Nos tempos que ainda correm, as escolas fecharam-se num clima organizacional sufocante, os alunos não melhoraram globalmente, de facto, os seus resultados escolares, os professores não aperfeiçoaram as suas competências profissionais e a escola não se transformou numa verdadeira comunidade educativa.

Ou seja: agora temos menos escola e menos escolas, temos menos educação e menos professores. Entretanto, nesta encruzilhada, o país ganhou a maior taxa de desemprego alguma vez vista na profissão docente e um medíocre sistema de formação de professores, incapaz de atrair os candidatos mais capazes e mais competentes.

Mas porque a educação e os professores são semente e pão de todos os futuros, estamos em crer que, uma vez mais, os docentes portugueses irão sabiamente ultrapassar este difícil instante da sua longa história profissional, e recuperarão o valor e a energia da sua profissionalidade, para bem do desenvolvimento social, cultural e econômico do nosso país.



http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=CC5F2EF80B498EDFE0400A0AB8005709&opsel=2&channelid=0